3.11.2014

as coisas mesmo bonitas V | cartas a paris

Do meu querido Carlos Soares, esta terça-feira das coisas bonitas pertence-lhe. Estas cartas a paris, este pequeno refúgio onde todas as palavras são gigantes, dos meus lugares favoritos. E são tantas e tantas as vezes em que tudo o que eu quero dizer está aqui, imaculado, claro, tão simples. Tão bom.
Espero que gostem, é mesmo dos bons.
 
"o que vês quando fechas os olhos, o que esqueces?



quero acreditar que tudo foi real, que fomos mesmo, que me deste mesmo a mão naquela rua, em todas as ruas, que houve sorrisos e orgasmos e sorrisos entre os orgasmos e lágrimas e música entre os gritos. que o amor foi real e foi febril, embora eu não goste da palavra, que houve história, que eras tu quem eu via adormecer ao meu lado, que era eu quem te via adormecer, que eu era mesmo eu e era quem tu vias ver-te adormecer.



sinto a tua falta e quero tanto crer que sinto a tua falta, 



sinto a tua falta, mas o vazio já cá estava.



e escrevo-te porque sinto a tua falta. sinto a tua falta e escrevo-te porque sinto a tua falta e porque não te resolves a morrer nunca, porque decides sempre ficar mais um bocadinho.



e podias ter ficado. e podias ter insistido. e não precisavas sequer de ter insistido muito: um pequeno gesto: uma palavra feliz: a breve aparição de uma lágrima.



e podias ter ficado e talvez os meses tivessem nomes de gente ou de cidade: maio teria sempre o teu nome, como barcelona, e agosto o teu nome e fevereiro seria sempre o nosso primeiro fevereiro, e não uma cidade queimada, uma rua sozinha, um cinzeiro abandonado.



esta impossível mania da idade. este esquecimento que não chega.



nunca te menti. ou nunca te menti depois do sexo. e nunca te menti depois de abraçar. nunca te menti naquela fotografia. não te minto. quem parte não tem mentiras para deixar.  tudo é não saber dizer: talvez eu não fosse para ti,



mas lembras-te que éramos felizes? "


Carlos Soares 


Muita, muita saudade.

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