Não achei que fosse possível não encontrar uma fotografia para colocar aqui. Afinal o objectivo sempre foram as fotografias, pelo prazer que me dá, pela abstracção que me proporciona, pelo mundo que pára por breves instantes.
O objectivo sempre foram as fotografias. Eu e as minhas fotografias, sem grandes pretensões, nada de muito rebuscado, eu e as minhas fotografias na simplicidade que tanto procuro.
Sempre encontrei uma fotografia para colocar aqui, fotografias acabadas de tirar, fotografias antigas que me recordam detalhes inesquecíveis, fotografias que me recordam pessoas que faz bem recordar. Sempre encontrei fotografias para colocar aqui, as minhas fotografias sempre falaram comigo.
Mas hoje não sou capaz de encontrar uma fotografia para colocar aqui. As minhas fotografias hoje não falam comigo.
Não tenho, não encontro, talvez não queira uma fotografia para hoje.
Escrevo um papel com o dia de hoje, sete de dezembro de dois mil e doze, escrevo com um lápis preto dos olhos. O papel, uma conta esquecida, está colado na parede, para não me esquecer. Para não me esquecer, ou talvez, para me lembrar, para me lembrar que o mundo continua a girar, que eu continuo a respirar e o meu coração continua a bater. Para me lembrar que tudo tem que mudar, impreterivelmente tudo tem que mudar. Para bem do meu coração e da minha respiração.
Para que o mundo continue a girar.
Não quero uma fotografia para hoje, acabei de decidir.
Interregno, interlúdio, intervalo.
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