"eu chorei primeiro. chorei um corpo inteiro.
depois o teu abraço o teu soluço o teu medo inteiro. depois a despedida. não sei se dissemos alguma coisa. não sei se disse: o céu não é dos pássaros, o teu corpo desafia a voar, sinto o sol sempre que o teu olhar ousa riscar o meu olhar. não sei se sorriste.
eu chorei primeiro. eu chorei primeiro cada dia sem ti.
é sempre mais difícil do que parece, é sempre mais difícil do que quando treinamos e só vemos as lágrimas longínquas do espelho não molham as mãos tremem menos
é sempre mais difícil porque os finais têm a tua cara e não têm música e alguém se esqueceu de fazer um filme sobre nós em que eu à chuva atiro versos e flores comovidas à tua varanda comovida e tu corres descalça pele colada ao vestido e os meus braços. alguém se esqueceu e nem músicas nem poetas tristes amanhecerão, só esta carta, que não há finais felizes que os finais são territórios para a distância para súplicas tardias para suicídios de improviso em olhares cheios de nada lugares onde não se deve regressar
e ainda que quisesse não saberia regressar à tua carne vidro na memória
e ainda que quisesse não saberia regressar ao azul às estações de framboesa aos barcos despidos de língua às noites que não precisam de tradução
o mar é um planeta inconfessável que se deixa despir e tocar
tu és um planeta inconfessável que se deixa despir e tocar
nas maravilhosas Cartas a Paris.
E tudo o que eu queria dizer, tirado daqui, onde vejo sempre coisas bonitas.
e tudo se torna maior e mais bonito...obrigado.
ResponderEliminar:))
Eliminar