un texte à part...
Sempre me disseram que não nos devemos queixar quando temos muito.
Não sei se tenho muito, ou pouco, ou assim-assim. Sei que não me falta nada. E ao mesmo tempo falta-me tudo. Tudo talvez não seja correcto dizer. Algo, também não gosto. Qualquer coisa, soa a cliché.
Decido, então, dizer que me falta. Ponto.
Tenho coisas para fazer, tenho voltas a dar, tenho coisas para olhar, tenho estradas, tenho linhas, tenho pistas, tenho quilómetros para ir. Falta-me ir. Não quero uma caixa. Quero ir.
Vejo a bicicleta a pedalar, vejo as rodas a rolar e eu quero ir.
Uma vez li uma coisa sobre as rodas da bicicleta do mundo que não param, era bonito, tinha lógica e era o que eu queria dizer agora. Mas não me lembro.
Falta-me ir. Não quero uma caixa
Sempre me disseram que não nos devemos queixar quando temos muito.
E aqui pergunto, falta o quê? Recuso-me a responder.
"falta-me ir"; vamos então; como diria pedro a inês, "até ao fim do mundo"; e gosto de pensar que o mundo não tem fim, é perene; sim, "até ao fim do mundo", soa bem;
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