Mais uma vez, perdoem-me. Perdoem-me as ausências, perdoem-me a falta de atenção às minhas queridas meias noites.
Perdoem-me.
Não é a falta de tempo, não é o excesso de tarefas, não é a correria dos afazeres. Tenho o todo o tempo do mundo, tenho tempo a mais, sobre-me tempo em todos os meus bolsos, em verdade em verdade vos digo que tempo é coisa que não me falta.
Mas faltas-me tu. Faltas-me há oitenta e cinco dias. Não preciso de contar, sei exactamente há quantos dias me faltas. Não preciso de calendários, de lembretes, de agendas, faltas-me há oitenta e cinco dias, um dia tem vinte e quatro horas, uma hora tem sessenta minutos, um minuto tem sessenta segundos. Esta é a equação das minhas saudades tuas. É simples, directa, precisa. Tal como nós eramos. E eramos tanto, tão bonitas as duas, tão simples.
Há oitenta e cinco dias que o azul já não é tão azul, que o amarelo das mimosas já não me parece tão bonito como dantes, que o café lá de casa nem parece café, que os nossos domingos já não são nossos. E eu que tenho tantas saudades dos nossos domingos. As fotografias já não me parecem bonitas como dantes, vê lá tu, as fotografias, as fotografias que sempre foram o meu lugar preferido. Falta-me a inspiração, faltam-me as tuas mãos para fotografar e eu lembro-me e hei-de sempre lembrar como tu detestavas que te fotografasse, tu que eras tão bonita, a princesa da delicadeza. Dizem os que de tudo percebem, que o tempo é nosso amigo e que com os dias, as horas e os segundos tudo acaba por voltar ao normal. Que o choque dá lugar à raiva, que
a raiva dá lugar à tristeza, que a tristeza dá lugar à saudade. É assim?
Os domingos regressam devagarinho, já não são nossos, já não são teus, já não são como dantes e nunca serão como dantes. Mas ainda assim são domingos, com breves laivos de beleza, carregados de saudade.
Tinha saudades de fotografar e ainda que não me parecam tão bonitas como dantes, como diz a canção enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar.
Um beijinho muito grande. E é assim mesmo como dizes, uma fase leva a outra e qualquer dia dás por ti só a senti-la no vento e nas folhas e a ser feliz por tudo o que viveram.
ResponderEliminarAdorei o texto e lamento o que possa ter acontecido. A vida continua e só mesmo o tempo nos ajuda.
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